Conexão é a palavra do momento! E,
tudo indica, terá cada vez mais, predominância num futuro próximo. Conexão com
pessoas, lugares, instituições de ensino, bancos, países, etc. Sem dúvida, um
mundo de infinitas possibilidades.
Conexão externa turbinada! E a conexão
interna, com a própria pessoa, como está? Alinhada também, ou cada vez mais
abandonada? As estatísticas mostram o crescente número de problemas de saúde
mental, principalmente ansiedade, depressão e aumento progressivo de suicídios.
Esses resultados falam sobre o jeito de ser e de viver na atualidade, a conexão
interna está descuidada.
A falta de autoconhecimento, de sintonia própria, não permite atender aos anseios com precisão e isso, acarreta problemas dos mais simples aos mais complexos. Veja alguns:
a) Insatisfação profissional.
É muito fácil perceber um
profissional que ama o que faz, ele trabalha contente, cheio de energia, é
competente e prospera naturalmente, seu trabalho contribui para melhorar a vida
das pessoas, ele tem uma marca pessoal, um legado. Está conectado aos seus
talentos e habilidades. São exceções. O que predomina?
Pessoas insatisfeitas, que desconhecem seus talentos e habilidades, estão desalinhadas das suas verdadeiras vocações. Trabalham por obrigação, tudo é custoso, difícil, a vida é luta, nadam contra a correnteza. Sabem muito mais da vida dos outros e dos seus ídolos. Estão desconectadas delas mesmas. Contam nos dedos os dias da semana para falar “sextou”, como uma libertação da função que exerce como um fardo.
b) Adoecimentos recorrentes:
As doenças falam sobre o jeito de
ser e de viver do adoecido. O recado é ignorado, trata-se apenas organicamente
por isso, logo aparecem sob a forma de outros sintomas. A doença é vista como
algo que se apropriou da pessoa, sem nenhuma ligação com seus hábitos, dores
emocionais ou frustrações mal digeridas. Ela não é compreendida em seu
significado, a situação se repete, mais uma oportunidade é perdida em “se
ouvir” para realizar mudanças.
Em Ambulatórios de tratamento para
obesidade, por exemplo, os pacientes normalmente confundem fome com o
sentimento de ansiedade. Falta de conexão. Todo desprazer que sentem buscam
aliviar com comida. Conclusão: não resolvem a CAUSA da ansiedade porque nem
percebem sua presença e ainda engordam.
O grande problema desta desconexão de si
mesmo é a insatisfação. Nunca se viu tantas dependências como no momento.
Pessoas viciadas em: álcool, comida, consumismo desenfreado, pornografia,
cigarro, séries de filmes, etc. Essas dependências apenas aliviam a dor
momentaneamente, as causas são ignoradas e os paliativos apenas anestesiam o
sofrimento gerando mais problemas.
O medo de se ouvir é muito grande! Têm
pessoas que quando estão sozinhas em casa precisam de TV ligada, som, qualquer
estímulo que quebre o silêncio. Durante um exercício físico, como uma
caminhada, oportunidade ímpar para “se ouvir”, perceber o que precisam
para atender realmente aos seus anseios o que se faz? Caminham com fone de
ouvido, um amigo para conversar, cachorro, todo tipo de estímulo para não estar
só por alguns momentos.
Ser feliz, realizado, cheio de energia e vitalidade depende desta conexão consigo mesmo, ouvir-se para saber o que realmente precisa, é mais simples do que parece mas exige coragem, postura de enfrentamento para conquistar o que faz realmente sentido para si e que não é igual para o outro, todos têm um caminho próprio, isso se chama autenticidade.
A Psicoterapia realiza esta conexão, ajuda a reconstruir ou construir ligações perdidas ao longo do caminho. É importante aproveitar as possibilidades das conexões externas, porém, sem sacrificar a mais importante, a nossa conexão interna.
Adriana Alves de Lima
Psicóloga Clínica e Hospitalar